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Foto do escritorMaria Carolina

Qual atuação você quer ter no mundo? Turma 06 - Business Design for Change


BDC turma 6

O primeiro semestre de 2018 começou com uma das atividades que a gente mais gosta – a jornada do Business Design for Change. Para nós, do Sense-Lab, o BDC é o xodó da casa. Adoramos quando chega a época de receber mais uma turma para essa vivência tão especial. Preparamos o BDC com muito carinho para acolher os participantes com todo cuidado e, juntos, vivermos um processo único que, certamente, dele, algo será levado para toda uma vida. Veja como foi o BDC 6 e prepare-se, porque a próxima turma começa em setembro!

Vendo com novos olhos

O primeiro dia de BDC foi aquele momento de chegar mais tímido, se ambientar, conhecer os colegas da turma, o time do Sense-Lab e se preparar para novas descobertas. Também foi um dia de muita reflexão, já que dividimos com o grupo um bom conteúdo sobre o setor de negócios de impacto, inovação social, cases de pessoas que já estão ajudando a mudar o mundo ao seu redor, exemplos de como as organizações estão se comportando diante de tudo isso, quem e o que são as aceleradoras e o conceito de finanças sociais. Esse foi o ponta pé inicial do BDC como provocação para o que estava por vir! O próximo encontro foi uma imersão durante o final de semana fora da casa Sense-Lab. Sim, foi preciso um sábado e domingo para praticarmos muitas coisas importantes, um tempo para refletir sobre outros aspectos da vida, se abrir para novos olhares e vivenciar diferentes realidades. Passamos o sábado no Vivei.ro, coworking localizado na Vila Madalena e parceiro do Sense-Lab, para explorarmos a região, onde também fizemos algumas dinâmicas e apresentamos modelos de negócios, de impacto e de receita. Começamos um processo de olhar interior ao explorarmos as desconexões que vivemos – social, ambiental e espiritual –, quando falamos das dores da Terra os incômodos e dores de cada participante começaram a emergir. E como é bom poder falar das dores e dividi-las com alguém. Ao mesmo tempo que é muito difícil, é importante entendermos os problemas que queremos trabalhar e nos enxergarmos como parte de tudo isso.

Explorando a região

Sair pela Vila Madalena com olhar mais atento e perceber três belezas e três problemas. Ir em busca de uma história, cedendo lugar à escuta ativa. Essa foi a missão dada aos 14 participantes do BDC, que começavam a exercitar o olhar e a empatia. O caminhar atento pelas ruas, notar o que geralmente passa despercebido por conta da dinâmica da vida que estamos vivendo, o ouvir sem julgar, acolher as histórias com atenção, saber ouvir e praticar o silêncio que, por si só, já diz tanto...Um processo de desconstrução, forte e significativo, através da Teoria U apresentada aos participantes, foi exercitado durante a tarde de sábado. Inevitável e necessário para quem quer se conectar (ou reconectar) com seu propósito e valores e com o mundo dos negócios de impacto socioambiental. Foi um dia muito gostoso e com boas reflexões que preparava a turma para o domingo de imersão na comunidade.

Domingão, 8h30... ...e já estávamos no Jd. Ibirapuera, zona sul de São Paulo, para um dia de vivência na comunidade. Fomos recebidos pelo amigo Buiú (Anderson), sempre com sorriso colado no rosto, na sede do Projeto Viela, que nos esperava ansioso com um café-da-manhã preparado com carinho. A recepção calorosa (como sempre!), foi um presente para enfrentarmos o dia chuvoso. Quem já esteve em uma favela? Em roda, Buiú puxou conversa com seus convidados e logo lançou “quem já esteve em uma favela”? Bastou uma pergunta para quebrar o gelo e fazer uma rodada de conversa com o pessoal, entendendo as diferentes realidades, o que resultou em uma troca bem rica.

O bate-papo inicial foi só para começar a manhã que contou com a participação do músico Renato Paes, com suas letras autorais e mensagens que retratam os desafios e superações de uma vida na periferia, acompanhado por Joel e Giovane, nos instrumentos. Todos autodidatas e muito talentosos. Renato contou sua história, muito através da própria música como “Rolê na quebrada”, “Criança tem direito de aprender brincando” e “Mãe não chore”, e dividiu a frustração de ainda não conseguir viver do seu sonho e talento, que é tocar e cantar. “Eu quero ser a melhor influência dentro da minha comunidade”. Ele, assim como tantos ali, é exemplo de resiliência, resistência, força e fé, mostrando que, mesmo diante das diversidades e provações da vida, vale a pena sonhar.

Depois de curtirem as melodias de Renato, foi a vez do próprio Buiú contar sua trajetória que o impulsionou a fundar o Projeto Viela. Os olhos atentos e perguntas curiosas demonstraram o interesse da turma por saber mais, cada vez mais e mais sobre uma história que tinha de tudo para ter um final triste, porém, com muito amor e suporte de pessoas que acreditavam no potencial do Buiú, ele venceu as dificuldades da vida, se transformou em uma fortaleza e retribuiu a chance de um recomeço colocando todos os seus esforços e amor no Projeto Viela, que como ele mesmo diz, é um “lugar de resistência”. Foi aí que os participantes do BDC puderam vivenciar um exemplo de impacto social positivo, de quem faz para transformar. O Projeto Viela completa 10 anos em 2018 e já beneficia cerca de 180 jovens diretamente e um número muito maior quando se pensa no impacto que reflete no entorno entre familiares e a própria comunidade. A roda de conversa poderia render dias e dias tamanho o entrosamento do pessoal com o anfitrião, mas o cheirinho da deliciosa comida de dona Mercês começou a invadir o espaço e a hora do almoço chegou. Dona Mercês é a mãe do Buiú e fez aquele almoço caseiro e caprichado para a turma do BDC 06!

A tarde foi reservada para o “mercado de ideias”, quando os participantes expõem problemas sociais ou ambientais que os incomodam, ligados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e começam a formar grupos de trabalho de acordo com a identificação com os temas sugeridos. Como resultado da atividade, formou-se três grupos que escolheram trabalhar os seguintes problemas, a partir da pergunta “como podemos...”:

1) Como podemos reduzir o uso indiscriminado de garrafa plástica de água pelo consumidor final; 2) Como podemos diminuir a violência psicológica contra mulheres entre 17 e 30 anos no Jd. Ibirapuera; 3) Como podemos apoiar os líderes comunitários a ampliar o impacto das ações sociais de forma sustentável na grande São Paulo? Feito isso, o resto do dia foi dedicado a discussões em grupo para explorarem o entendimento do problema, causa raiz e irem à campo conversar com as famílias da comunidade do Jd. Ibirapuera para ampliarem o olhar, a escuta ativa e explorarem as belezas e os desafios locais. O grupo teve a oportunidade de conhecer a casa e família da dona Maria, da Adriana e do Biscoito. Ao retornarem das visitas, fizemos o exercício “vozes do campo”, quando os participantes reproduzem palavras, frases e mensagens que ouviram durante o dia.

A visita à comunidade faz parte de um processo de desconstrução, desperta muitos sentimentos, além de diversos questionamentos. Nos faz repensar nossas atitudes e maneira como estamos vivendo e trabalhando, nos tira da zona de conforto e abre portas para um novo olhar, de se colocar no lugar do outro, entender as dores alheias e criar empatia. “O que era um incômodo virou uma dor. É um caminho sem volta, impossível ignorar tudo o que eu vi e vivi hoje na comunidade do Jd. Ibirapuera”, desabafa um dos participantes do BDC. É um dia forte, cheio de emoções e que reforça o motivo pelo qual estamos todos reunidos, pela sexta vez, em um BDC – queremos fazer a diferença e ser parte da mudança para ajudar a tratar os problemas coletivos que enfrentamos.

Inovando para mudança

Depois de um final de semana intenso, o grupo chegou para o quarto encontro do BDC com muitos sentimentos aflorados e na expectativa para os próximos passos. E, aqui, mais uma ferramenta foi apresentada – Design Thinking ou Design Centrado no Ser-Humano, como gostamos de chamar. Este é um modelo mental, a maneira como enxergamos o mundo, uma ferramenta muito importante para quem busca inovar em suas ações, levando em conta seus três pilares: colaboração, empatia e experimentação. A introdução ao Design Centrado no Ser-Humano serviu de base para os participantes começarem o processo de mão na massa, trabalhando em grupo e divergindo e convergindo sobre os temas escolhidos anteriormente. Mãos à obra? Sim! Os times começaram o processo de ideação de um negócio de impacto pré-definindo o problema e se aprofundando no entendimento do mesmo, além de definir o público-alvo. Foi um momento dedicado a discutirem a causa raiz da problemática, identificarem possíveis alavancas para alterar o contexto do problema escolhido e já pensarem em uma visão de longo prazo. A partir daqui o foco do BDC era capacitar os participantes para prototiparem um negócio de impacto. Pela frente, mais um final de semana cheio de atividades. Sábado e domingo dedicados para explorarem o problema, irem à campo, testar e validar as ideias. E para sustentar todo esse processo, apresentamos elementos da Teoria de Mudança, Canvas Social, o Modelo C e alguns modelos de receitas e metodologias de avaliação de impacto para partirem para a estruturação de um negócio. Também foram expostas ferramentas práticas de estruturação de projetos e negócios, como effectuation, lean startup, search selling e mínimo produto viável (MVP). Os grupos mergulharam no desafio, alguns voltaram a visitar a comunidade do Jardim Ibirapuera, entrevistaram os moradores, exploraram o entorno e interagiram o máximo que puderam voltando para o Sense-Lab cheios de informações, impressões e reflexões que, agora, dariam uma base mais concreta para entenderem o problema, definirem cliente e beneficiário para, então, pensarem no impacto que querem causar com o negócio que iriam prototipar.

Partindo para ação Este é o momento de fazer as coisas acontecerem. Os participantes são desafiados a tirar o projeto do papel. No penúltimo encontro foi lançado o maior desafio do BDC – sair do papel! Isso mesmo, fazer acontecer o produto ou serviço que os negócios de impacto idealizados pelos grupos estavam oferecendo. É aqui que todas as habilidades são postas em prática e os conhecimentos adquiridos são consolidados. A dinâmica de inovação social engloba todos esses processos – identificar o problema, explorá-lo e partir para ideação, definição, prototipagem e evolução. Para obterem sucesso na venda, Fabiana Dias, da MaisArgumento, deu algumas dicas de comunicação para o pessoal, entre elas como elaborar um pitch trazendo as mensagens-chaves, estratégia muito importante diante de um investidor, por exemplo.

Como sempre, chegar ao final do BDC é muito emocionante. Depois de oito encontros, dois finais de semanas juntos, horas e horas de trocas, impossível não sentir falta. Mas o melhor é saber que construímos relações, criamos vínculos, aprendemos uns com os outros, ampliamos a rede e o BDC foi só o começo para um novo olhar e um abre portas para o mundo em que queremos viver. Antes de encerrarmos o dia e partir para o happy hour, o life designer Pedro Costa fez uma participação especial nesta edição do curso e apresentou algumas ferramentas da metodologia Design de Vida, convidando os participantes a aumentarem a consciência sobre si mesmos, através da autoinvestigação e exploração do que ele chama de “manual interno”. Foi bem interessante e desafiador, afinal, sempre é difícil olhar para dentro, né?!

Depois de muita reflexão, hora de relaxar! Como todo final de BDC, esse não poderia ser diferente – happy hour ao som de Renato Paes e percussão, com presença de Buiú, do Viela e ex-participantes BDC. Nada melhor do que reunir os amigos, curtir um bom som e chegar ao final do dia com a sensação de missão cumprida. O nosso muito obrigado a todos que percorreram essa jornada conosco. Em setembro tem mais! Vem aí, BDC turma 07!

 

O Sense-Lab também já está com inscrição aberta para a segunda turma de 2018 do curso Business Design for Change.

O BDC (Business Design for Change), mais do que um curso, é uma experiência transformadora e uma formação prática em atuação com propósito. Seu tema central é a inovação social e projetos focados na criação de valor compartilhado que buscam, ao mesmo tempo, a solução de questões sociais ou ambientais e a sustentabilidade financeira.

Assista ao vídeo para vivenciar um pouco do curso e clique aqui para saber mais.

Aproveite o desconto de 20% nas inscrições até o dia 13/07 neste link.

 

Maria Carolina

A graduação em jornalismo rendeu uma estreia e tanto para Carol, que depois de formada conseguiu um estágio na sucursal da TV Globo de Londres. De volta ao Brasil, fez uma longa carreira na editora Abril, onde teve a oportunidade de trabalhar em diversas revistas, como Veja, Claudia, Bons Fluidos, Men’s Health, Estilo, Nova, Boa Forma entre outras. Mas foi sua paixão por pessoas e pela África que a levou a fazer pós-graduação em Gestão Social e especialização no Continente Africano, além de mergulhar nesse mundo através de voluntariados e viagens nada convencionais, como uma temporada na Libéria, por exemplo. O espírito livre, aventureiro e curioso levou Carol a explorar o mundo, outra grande paixão - viagens e diferentes culturas. Depois de passar por uma multinacional cuidando de projetos sociais, no Brasil e em Dubai, ela optou por focar toda a experiência profissional e multicultural, sua energia, paixão pelo próximo e gratidão pela vida, em negócios que façam a diferença nas diversas questões socioambientais que enfrentamos mundo afora.


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